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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Sol-16, ou usando seu olho para medir a luz

Stuyvesant Square

Se você leu o Curso de Introdução à Fotografia, já ouviu falar de fotometria e sabe como isto influencia na hora de expor corretamente uma foto.

Basicamente, o fotômetro (light meter) é um medidor de luz, que pode estar em sua câmera ou pode ser um aparelho à parte, usado principalmente em estúdios ou para iluminação artificial (neste caso, um flash meter).

Fotômetro
(Segurando um fotômetro externo, um dos acessórios mais confiáveis para fotografia de estúdio)

Todas as câmeras digitais compactas e as Reflex do mercado, bem como inúmeros modelos de câmeras de filme possuem um fotômetro.
Nas câmeras compactas, a medição da luz é feita automaticamente, ou seja, o fotógrafo tem pouco ou nenhum controle sobre a exposição.
Nas câmeras Reflex ou naquelas que possuem Modo Manual, o fotógrafo pode ajustar as funções da câmera de acordo com a indicação do fotômetro, controlando a exposição de acordo com suas preferências.

Exposição - Canon XSI
(Fotômetro de uma Reflex digital)

No entanto, como era feita a medição da luz antes da invenção dos fotômetros?

Ou melhor ainda, existe alguma maneira para controlar a exposição sem depender o tempo todo do fotômetro de sua câmera? Tenho como deixar minha câmera pronta para tirar uma foto mesmo antes de olhar no visor?

Sol-16, ou aprendendo a tabelinha de medição de luz (Sunny-16)

Cala a boca e clica! - Sol - 16

A existência dos fotômetros é bastante recente, comparada à História da Fotografia. O primeiro fotômetro de selênio (analógico) só passou a ser utilizado na década de 60, enquanto que os primeiros fotômetros digitais só surgiram no começo da década de 80, ou seja, antes disto, o fotógrafo tinha de medir a luz no "olhômetro", baseado em sua experiência e, principalmente, na tabela Sol-16.

O que é esta desgraçada tabela Sol-16?

É muito mais simples do que parece. O que a tabela Sol-16 determina é que, num dia ensolarado, fotografando um objeto ou sujeito sob o sol, estando a abertura de diafragma em f/16, a velocidade do obturador deve ser igual ao ISO do filme (ou da câmera digital).

O que isto quer dizer, em termos práticos?

Daremos um exemplo: se você for fotografar a sua mãe, num dia ensolarado num parque, você ajusta a abertura de diafragma para f/16, o ISO em 100 e a velocidade do obturador em 1/100 (ou o mais próximo possível a este valor, como 1/125).

Simples não é?

Se você quiser fotografar em ISO 200, ponha a velocidade do obturador em 1/200 (ou 1/250) e a abertura em f/16, e assim por diante.

Agora, e se eu não quiser fotografar sempre em f/16, o que faço da vida?

Então você terá de ajustar as demais funções.

Por exemplo, se você quiser fotografar em abertura f/8 e ISO 100, isto é, dois f-stops mais claro que em f/16. Para tanto, você terá de aumentar a velocidade do obturador em dois stops, ou seja, em 1/500 (lembre-se das velocidades padrões do obturador, 125-250-500, e também das aberturas padrões, f/8-f/11-f/16).

Isto exigirá que você pense em outros fatores quando estiver fotografando, mas isto será o que realmente o diferenciará da maioria dos outros fotógrafos que caíram de paraquedas neste ramo.
É por isto que você está estudando, afinal de contas!

Se você já fotografou com câmeras de filme, ou começou agora a fotografar com uma câmera analógica, já deve ter visto nas embalagens dos filmes uma tabela como a de cima, que basicamente é a tabela Sol-16 ilustrada.

Naquela imagem, recortada da embalagem de um filme ISO 200, você pode ver a configuração ideal da câmera em diferentes condições de iluminação, com sol, um pouco nublado, escurecendo, em ambientes internos, à luz de velas e depois de ter escurecido.
A lógica é basicamente a mesma que já apresentamos, além de acrescentar variações de acordo com a iluminação.

Tabela Sol-16 completa
f/22 - fotografando na praia ou na neve, com sol
f/16 - fotografando com sol
f/11 - ligeiramente nublado
f/8 - nublado
f/5.6 - bastante nublado
f/4 - na sombra/pôr do sol

Sempre lembrando que a velocidade do obturador será igual ao ISO do filme ou o ISO ajustado na câmera.
Além disto, isto vale apenas para fotografia sem flash, se você for fotografar com flash, daí são outros quinhentos e esta tabela vale bem pouco!

Como o Sol-16 pode me tornar um fotógrafo melhor?

Fall at Gramercy Park

A primeira coisa que faço ao sair com uma câmera na rua é ajustá-la de acordo com a tabela Sol-16.

Antes de tudo, ajusto o ISO: ISO 100 para dias ensolarados, ISO 400 para sombra ou ambientes internos, ISO 800 para ambientes escuros.
Depois, ajusto a abertura de diafragma para o valor desejado, por exemplo, f/8, que é uma boa abertura para fotografar tanto retratos quanto paisagens.
Por fim, ajusto a velocidade do obturador de acordo com a tabela Sol-16, fazendo a correção nos stops. Como dissemos acima, f/8 são dois f-stops mais claro, portanto, preciso ajustar a velocidade do obturador para ser dois stops mais rápido, isto é, 1/500 em ISO 100.

Enfim, antes de tirar a foto, eu confiro o fotômetro da câmera (no visor) para ver se os ajustes estão corretos e fotografo.
Em dias ensolarados, a tabela Sol-16 funciona 98% das vezes. Tanto a foto acima quanto a primeira foto, foram tiradas com uma câmera de filme sem fotômetro e a exposição saiu correta só no "olhômetro".

Exercícios práticos

1 - Num dia ensolarado, teste a tabela Sol-16.
a - ajuste a abertura para f/16, o ISO 100 e velocidade do obturador em 1/125;
b - ajuste a abertura para f/16, o ISO 400 e velocidade do obturador em 1/500;
b - ajuste a abertura para f/16, o ISO 800 e velocidade do obturador em 1/1000.

A exposição está correta, a foto ficou sobrexposta (clara demais) ou subexposta (escura demais)?

2 - depois teste a tabela Sol-16 em diferentes condições de luminosidade, como em ambientes internos, com o dia nublado e confira os resultados.

3 - Depois compartilhe conosco o resultado de seus experimentos, tire suas dúvidas e faça seus comentários. Lembre-se também se juntar-se à gente em nosso grupo no Flickr.



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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Acabei de comprar uma Reflex, mas as minhas fotos pioraram. O que estou fazendo de errado?

Henry
(Foto por: Denise Nappi)

Você comprou aquela baita câmera, com lentes da hora e tudo mais, certo de que agora iria arrasar na fotografia, não é?

No entanto, para sua surpresa, com o trambolhão que custou uma grana você está tirando fotos piores do que nunca, bem piores do que aqueles com a câmera compacta? O que pode estar acontecendo?

Eu já disse anteriormente aqui que o grande mistério por detrás de uma boa fotografia é um bom fotógrafo, e jamais me cansarei de repetir isto.

Você pode pegar a melhor câmera do mundo, que custa 30 mil dólares e por na mão de um leigo, tenha certeza que as imagens serão imprestáveis.

Isto ocorre por uma razão muito simples: a câmera só registra a imagem, quem realiza a composição, ajusta as configurações da câmera e trabalha a foto posteriormente é o fotógrafo, que precisa conhecer bem seu equipamento e saber utilizá-lo.

henry1
(Foto por: Denise Nappi)

Sempre espere uma queda na qualidade de suas fotos quando você adquirir um equipamento muito diferente do que você está habituado. São necessárias muitas horas de prática até se acostumar com uma máquina diferente, até que o ajuste das funções seja natural.

Se você não quer a dor de cabeça de aprender fotografia para valer, se gosta de tirar fotos no Modo Automático, não há razão para que você compre um Reflex. Estas câmeras não foram feitas para usar o Modo Automático, aliás, eu nem sei porque os fabricantes de Reflex incluem estes modos (talvez para você pedir para o tio ou para a mãe tirar uma foto sua de vez em quando!). Inclusive, nos modelos top, realmente não existe Modo Automático, ou você sabe usar, ou não sabe.

A maior burrada que alguém pode fazer na vida é comprar uma câmera (ou um flash) para fotografar um evento, como um casamento, na semana seguinte. Ninguém domina um novo equipamento em tão pouco tempo.

Você precisa praticar muito (e ler o manual da câmera, de preferência) e em várias circunstâncias diferentes. Tire tantas fotos até que os seus dedos doam e acostume-se aos controles da câmera, onde fica o ajuste da velocidade do obturador (shutter speed), da abertura de diafragma (aperture) e do ISO. Se você não estiver fotografando em .RAW, descubra também onde fica o botão do Controle de Branco (White Balance).

Faça todos os exercícios descritos aqui no Cala a Boca e Clica!, tanto os técnicos quanto os de composição. A prática leva à perfeição, jamais duvide disto!

Suas fotos com um novo equipamento poderão ficar ruins, à princípio, mas com o tempo você notará como elas melhorarão e deixarão os outros boquiabertos. É preciso prática e persistência. Vale à pena, eu garanto, pois também já passei por isto.

Agora que você entrou de cara neste mundo, não vai arregar! Cala a boca e clica!



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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Fotografia: o básico do básico

Henry Bugalho e uma Pentax K1000

Então você comprou a sua primeira câmera Reflex?

Muito bom! Agora você tem tudo que precisava para sair tirando lindíssimas fotos por aí, certo?

Errado! Antes de tudo, antes de tudo mesmo, assim que você abrir a caixa da câmera, você tem de...

Ler o Manual da Câmera

Eu não me canso de insistir e repetir, você precisa entender como sua câmera funciona e isto só será possível lendo o Manual do Fabricante. Não existe atalho para este passo.

É óbvio que, assim que você desempacotar sua câmera nova, você vai querer brincar com ela, tirar várias fotos, montá-la e desmontá-la, mas, por favor, no final do primeiro dia, sente-se por uma meia hora e leia o manual do começo ao fim!

E ali que você descobrirá todas as funções da câmera, como controlar a velocidade do obturador (shutter speed), o ISO e a abertura de diafragma (aperture), e várias outras funções que você nem imaginava que existia.

Pois não adianta você sair perguntado às pessoas (e isto inclui a mim): "onde controlo a função tal da minha câmera?"

Existe trilhões de modelos de câmeras fotográficas no mercado e, muitas vezes, a posição dos botões e as funções mudam drasticamente de um modelo para outro.

Assim, repito: LEIA O MANUAL!!!

Ponha a alça no pescoço

Fotografia: o básico do básico
(Foto por: Denise Nappi)

A alça da câmera não é enfeite (acho que já disse isto antes).

Pô-la ao redor do pescoço é a sua maior garantia que você não deixará a câmera cair nem a esquecerá em algum banco de restaurante. Antes que você pergunte: sim, eu sou do tipo que, se paro para comer alguma coisa, a câmera vai comigo, dependurada.
Certa vez ouvi de um americano que ele havia esquecido a Reflex dele dentro de um trem na Europa. Isto jamais ocorreria comigo, pois a câmera sempre está no pescoço. Sempre!

Aprendendo a segurar a câmera

Fotografia: o básico do básico
(Segurando a câmera para orientação paisagem)

O modo mais fácil e instantâneo para distinguir um completo leigo de alguém que sabe usar uma Reflex é como ele segura a câmera.

A mão esquerda deve ficar embaixo da lente, dando sustentação à câmera e servindo para dar zoom e/ou controlar o foco.
A mão direita sustenta lateralmente a câmera, enquanto o dedo indicador fica posicionado sobre o botão que dispara a câmera, e também controla o dial do obturador.

Fotografia: o básico do básico
(Segurando a câmera para orientação retrato)

Se sua câmera tiver o controle da abertura da lente nas costas da câmera, como alguns modelos mais avançados, é o polegar da mão direita que realiza este controle.

Este é o modo correto para segurar uma câmera Reflex, independentemente de marca ou modelo, analógica ou digital e, assim que você se acostumar, será muito difícil retornar aos maus hábitos anteriores. Inclusive, será até um pouco antinatural tirar foto com câmeras compactas.

E lembre-se, sempre opte por fotografar enquadrando através do visor ótico da câmera, pois é como sua câmera está "vendo" a imagem.

Filtros

Fotografia: o básico do básico
(Filtros UV e polarizador. Foto por: Denise Nappi)

Os filtros devem ser comprados no mesmo instante em que você comprar a câmera ou uma lente nova, um para cada lente que você possuir.

O filtro básico é o UV, que reduz a incidência de raios ultravioletas numa fotografia. No entanto, o uso básico do filtro UV é mais para proteger os elementos frontais da lente, de riscos, arranhões ou batidas, do que qualquer outra coisa.

A lógica é simples: uma lente boa pode custar mais de mil dólares, um filtro mediano não custa mais do que 30 dólares. O que você prefere ter de comprar de novo, uma lente de U$ 1000 ou um filtro de U$ 30?

Eu prefiro comprar um filtro novo...

Existem vários tipos de filtros diferentes, polarizador, de densidade neutra, de correção de cor, para aumentar contraste, e assim por diante. No entanto, na era digital, quase tudo pode ser feito ou corrigido no pós-processamento, então estes outros filtros são dispensáveis.

Eu não gastaria meu dinheiro com isto e não recomendo que você faça.

Quando deixar o filtro na lente?

Os filtros UV ficam nas minhas lentes 99% do tempo. Eu só retiro o filtro para fotografia noturna, ou às vezes em ambientes internos, pois as luzes podem refletir internamente na lente e causar uns pontos estranhos na fotografia. Mas, assim que eu tiro a foto, coloco novamente o filtro.

Parassol (Hood)

Fotografia: o básico do básico
(Foto por: Denise Nappi)

O parassol não tem nada a ver com tomar um chopinho gelado na praia, é aquele acessório preto que se vê na frente de algumas lentes.

A função básica é obstruir a incidência lateral da luz na lente, que causa o famigerado flare, uma ou mais bolas de reflexo numa fotografia.

Post Office
(Está vendo o flare no canto superior esquerdo da foto, aquele círculo mais claro?)

O flare é bastante controverso, pois enquanto pode ser indesejado na maioria das circunstâncias, também pode ser um estilo fotográfico bastante charmoso.

Fotografia: o básico do básico
(Lente com o parassol. Foto por: Denise Nappi)

Mesmo assim, o parassol, ou hood, deve ser utilizado para evitar o flare indesejado, além de dar uma visual superfodástico para sua lente (e também serve para dar na cabeça dos intrometidos que se enfiarem na frente da sua foto)!

Kit de Limpeza

Fotografia: o básico do básico
(Foto por: Denise Nappi)

Assim que você comprar sua câmera, é bom também comprar um kit de limpeza básico, que venha com uma flanelinha, um líquido não-corrosivo e uma bombinha para soprar ar.

Com a flanelinha e com o líquido, você poderá limpar a lente, os filtros e o visor digital da câmera, deixando-os brilhando. Já a bombinha de ar serve para limpar o espelho interno da câmera e soprar qualquer partícula que esteja presa no sensor da câmera (isto se a câmera não for autolimpante).

Jamais molhe ou toque com a flanela ou com a bombinha as partes elétricas ou o sensor da câmera!

Não precisa ter mania de limpeza. Limpe a lente assim que você ver que ela está suja, com marca de dedos, e assim por diante, e o restante quando você julgar necessário. Geralmente, eu sempre dou uma limpada na câmera depois de fotografar na praia, ou quando pego muito vento, pois sei que terá areia ou poeira na câmera.

Flash embutido ou flash externo?

Fotografia: o básico do básico
(Foto por: Denise Nappi)

A não ser que você pretenda cobrir eventos, como casamentos, festinhas de crianças ou batizados, não sei se um flash externo (external flash) seja necessário logo de cara.

O flash embutido (built-in flash) da câmera não é lá essas coisas, mas é muito melhor do que o flash de câmeras compactas e, com certeza, é melhor do que tirar foto no escuro.

Já o flash externo proporciona uma liberdade criativa imensa, mas também necessita muito estudo e dedicação para dominá-lo. Se você é um principiante, já terá de estudar fotografia básica, o que lhe tomará bastante tempo. Deixe o estudo de iluminação artificial mais para adiante.

Para o uso cotidiano, o flash embutido cumpre bem o papel, mesmo que limitado.

Por fim, leia todo o curso introdutório de fotografia do Cala a Boca e Clica!

Agora que você já sabe o básico do básico, resta começar a estudar e ler todo o curso introdutório de Fotografia aqui do nosso site, realizar os exercícios e tirar as suas dúvidas conosco.

Abraços e boas fotos por aí!



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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Por que saio tão feio nas fotos?

Henry - retrato em grande-angular
(1/250 f/3.5 ISO 200, foto tirada por Denise Nappi com distância focal de 18mm: http://www.flickr.com/photos/henrybugalho/6324374216/)

Se você é do tipo que odeia aparecer em fotos porque sempre fica feio, você está em boa companhia. Não é o único!

Podem existir algumas razões para que isto ocorra:

1 - você não é muito fotogênico;
2 - a iluminação não o privilegiou;
3 - o fotógrafo não era bom;
ou
4 - você é realmente feio pra burro!

No entanto, um dos fatores que mais podem influenciar na hora de se tirar um retrato é a distância focal da lente da câmera.
Você se lembra disto?

Recapitulando, distância focal é uma convenção utilizada para indicar o tipo de uma lente, começando com a grande-angular (uma lente com um ângulo de visão superior ao da visão humana), a normal (semelhante à visão humana) e telefoto (com ângulo de visão inferior ao da visão humana).
Uma das características das diferentes distâncias focais das lentes é que as lentes grande-angulares dilatam o espaço, enquanto as telefoto comprimem o espaço.

O que isto quer dizer?

Se você for fotografar uma paisagem com uma lente grande-angular, os elementos parecerão que estão mais longe do que realmente estão, as distâncias serão alongadas; se você fotografar a mesma paisagem com uma telefoto, as distâncias parecerão menores, com os elementos mais próximos uns dos outros.

E o que ocorre se fotografamos uma pessoa?

Henry - retrato em grande-angular

Aplicando a mesma lógica anterior, se fotografarmos uma pessoa com uma grande-angular, dilataremos o espaço, quer dizer, o nariz e a boca parecerão maior, haverá uma grande distorção do rosto, assim como ocorre num espelho convexo de um circo dos horrores.

Henry - retrato em telefoto
(1/250 f/3.5 ISO 200, foto tirada por Denise Nappi com distância focal de 55mm: http://www.flickr.com/photos/henrybugalho/6324387356/)

No entanto, se fotografarmos esta mesma pessoa com uma lente telefoto, comprimiremos o espaço e reduziremos as proporções, tornando o nariz e os demais traços faciais mais harmônicos.

Veja os dois retratos meus acima. Na primeira foto, foi utilizada uma lente grande-angular com distância focal de 18mm. Repare como meu nariz, minha boca e os meus dentes ficaram enormes, e o rosto arrendondado.
Juro que não sou tão feio assim!

Na segunda foto, foi usada uma lente telefoto curta de 55mm. As proporções já são muito mais harmônicas e próximas da realidade.

Se usássemos uma lente mais longa, como uma de 100mm ou 200mm, obteríamos resultados ainda melhores.

Henry - montagem de retratos

Mas é somente quando colocamos uma foto ao lado da outra que reparamos como a distância focal pode influenciar num retrato. Até parece que são pessoas completamente diferentes!

O Perigo do Autorretrato

O que ocorre bastante, principalmente quando vemos as fotos dos perfis das pessoas na internet, no Facebook ou no Orkut, é um autorretrato tirado com uma câmera compacta.

Geralmente, as câmeras compactas possuem lentes com distâncias focais muito pequenas, ou seja, grande-angulares, que distorcem as imagens, como vimos acima.

Nestes casos, se fossemos responder à pergunta: Por que saio tão feio nas fotos?
Eu diria: Porque você tem os braços curtos demais.

Como as pessoas tiram fotos de si mesmas e não podem afastar muito a câmera para poderem utilizar uma distância focal longa (telefoto), elas são obrigadas a tirar em grande-angular e ficarem todas distorcidas e feias.

O ideal seria que outra pessoa tirasse o retrato, ou que o retratado apoiasse a câmera sobre alguma superfície plana, desse o zoom, pusesse no timer e tirasse a foto. Quanto mais zoom, melhor!

Autorretrato num avião
(1/6 f /4 ISO 640, autorretrato com distância focal de 17mm: http://www.flickr.com/photos/henrybugalho/6324397830/)

Contudo, um autorretrato com uma grande angular também pode criar imagens interessantes, principalmente em algumas situações nas quais você não tem mais ninguém em quem contar.

Mesmo assim, o ideal é sempre utilizar o maior zoom (distância focal) possível.

Quando fotografar com uma telefoto, ou com uma grande-angular?

Henry - Retrato
(1/200 f/10 ISO 320. Retrato tirado por William Mantovani com distância focal 78mm: http://www.flickr.com/photos/henrybugalho/6324407890/)

Na maioria das situações, você optará por uma telefoto para retratos, pois criará fotos mais bonitas e deixará as proporções do retratado mais harmoniosas.
Telefoto também são ótimas para fotografias de paisagens, pois comprimem o espaço e criam imagens muito interessantes.

Crianças de Kinmen, Taiwan
(1/80 f/9 ISO 100, com distância focal de 17mm: http://www.flickr.com/photos/henrybugalho/6324405492/)

Por outro lado, fotojornalistas e fotógrafos de rua muitas vezes preferem lentes grande-angulares, pois podem ficar mais próximos da ação e capturar um maior ângulo de visão.
Algumas das fotografias mais extraordinárias em zonas de conflito ou em situações de tumulto foram obtidas com lentes grande-angulares, pois criam imagens dramáticas e poderosas, mesmo que não privilegiem as proporções dos retratados.

Além disto, lentes grande-angulares são ótimas para espaços fechados ou apertados, quando você precisa fotografar grandes grupos a uma curta distância, ou em cidades com edifícios altos.

Particularmente, eu adoro fotografar com uma grande-angular, pois é possível obter fotos únicas e impressionantes.

Se você não gosta dos retratos que tira, ou daqueles nos quais você aparece, as sugestões são:

1 - afaste-se;
2 - dê zoom (maior distância focal)
3 - tire a foto.

Eu lhe garanto que seus retratos ficarão muito melhores de hoje em diante.

Exercícios práticos

1 - tire duas fotos de alguém, ou de si mesmo, com a mesma configuração da câmera:
a - com uma lente grande angular (ou com pouco zoom), isto é, menor do que 50mm, bem próximo do rosto da pessoa;
b - com uma lente telefoto (ou com muito zoom), isto é, maior do que 50mm, afastando-se da pessoa retratada.

Qual das duas fotos ficou melhor em sua opinião?



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