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terça-feira, 31 de julho de 2012

O Milagre da Longa Exposição


Se você já tentou fotografar à noite, deve ter descoberto que existem dificuldades particulares quando há pouca luminosidade, e que pode ser muito complicado obter fotos que não estejam tremidas.

Você se lembra da tríade velocidade do obturador/abertura de diafragma/ISO?

Então sabe que, quanto menor for a iluminação ambiente, mais lenta terá de ser a velocidade, maior a abertura e mais alto o ISO, caso desejemos uma fotografia bem exposta.

O que veremos agora é um caso muito especial de fotografia, conhecida como Longa Exposição.

Basicamente ela consiste numa imagem criada com velocidades do obturador bastante lentas, que faz com que o sensor da câmera capture mais luz por muito mais tempo.

O que eu necessito para uma fotografia de longa exposição?


Velocidade do obturador
Antes de tudo, você necessita de uma câmera que possua Modo Manual e que o permita a menor velocidade do obturador possível (por exemplo, 30 segundos), ou com a opção "bulb", quando o obturador fica aberto pelo tempo que você desejar.
A maioria das câmeras Reflex pode ser programada para fotografar em longa exposição, e várias compactas avançadas também.

Tripé
O segundo acessório essencial é um tripé, ou uma superfícia plana onde você possa apoiar sua câmera. Se suas fotos noturnas ficam sempre borradas é porque você não tem respeitado a seguinte regrinha básica: para se fotografar segurando a câmera, a velocidade do obturador mínima deve ser igual ou superior à distância focal de sua lente para se obter uma foto nítida.
Isto quer dizer que, se você estiver fotografando com uma lente de 100mm, a velocidade mínima para a foto não ficar tremida será 1/100 ou superior. 1/50 para uma lente 50mm, ou 1/30 para uma lente 35mm.
No entanto, à noite pode ser difícil encontrar as condições necessárias para uma velocidade do obturador rápida.

Isto não significa que será impossível fotografar uma foto nítida segurando a câmera com velocidades mais lentas, pois alguns fotógrafos tem pulso firme e cada um tem uma técnica própria para que a foto não fique tremida. No entanto, será MUITO difícil que você consiga uma foto nítida numa exposição de 5 segundos, por exemplo.

Existem tripés de todos os tamanhos e preços. Tome cuidado: quando for procurar um tripé, compre um que seja específico para máquinas fotográficas, pois os que são para filmadoras não permitem o ajuste para modo retrato, somente para paisagem. Também evite comprar tripés muito frágeis e que talvez quebrem com facilidade, para não ter de ficar comprando um atrás do outro.

Disparador remoto
Quando se trata de longas exposições, qualquer vibração, mesmo do vento ou a de apertar o botão da câmera, pode fazer com que a imagem fique ligeiramente tremida.
Para evitar isto, um disparador remoto é bastante útil, principalmente porque você pode travá-lo e, em bulb, você pode deixar o obturador aberto por quanto tempo desejar, até por horas, se for o caso.
Agora, se você não possui um disparador remoto, o ideal é usar o timer da câmera para 10 segundos. Assim, você aperta o botão e, depois de 10 segundos, a câmera já terá parado de vibrar.

Entendendo a fotografa de longa exposição


Enquanto houver luz é possível fotografar, mesmo que leve horas para a câmera capturar a exposição correta.
Veja estas duas imagens acima, da vista de minha varanda à noite.
Ambas as fotos foram tiradas em ISO 100 e abertura em f/8.
A primeira, com velocidade do obturador de 1.3 segundos é exatamente como a paisagem se parece ao olhar humano, é aquilo que vemos.
Já na segunda foto, com velocidade do obturador de 918 segundos (ou seja, mais de 15 minutos de exposição), temos uma paisagem tão iluminada que parece como se fosse pouco antes do pôr do sol.
Se você ampliar as imagens, verá uns riscos brancos no céu da segundo foto: aquilo ali são as estrelas em movimento, pois com o obturador aberto por tanto tempo, o sensor capturou o rastro das estrelas em seu percurso, assim como na foto no topo capturamos as luzes dos carros na rua.

Nas duas fotos acima, tiradas com ISO 100 e f/4, temos o mesmo cenário com duas velocidades do obturador diferentes.
Na primeira, que é como o olho humano enxerga, em velocidade de 1.3", só vemos alguns pontinhos luminosos num breu quase total.
Na segunda imagem, em velocidade de 90 segundos, todos aqueles pontinhos luminosos se tornaram casas, postes de rua e carros em movimento.


Nesta terceira sequência, todas tiradas em ISO 100 e f/4, temos três fotos tiradas em longa exposição. A primeira em 77 segundos, a segundo em 365 segundos e a última em 619 segundos.
Perceba a diferença de luminosidade entre as fotos e quão clara a última ficou.

A dificuldade da longa exposição é que você não tem como prever como a foto ficará enquanto não houver aguardado todos os segundos ou minutos de exposição, pois o fotômetro da câmera é de pouca serventia em condições de baixa luminosidade.
Além disto, você geralmente optará por fotografar em ISO 100 ou o menor ISO possível, pois terá fotos com pouco ou nenhum ruído digital, extremamente nítidas e belas.

Alguns exemplos de fotografia de longa exposição


Esta imagem do panorama urbano de Nova York foi obtida com uma velocidade de 1 segundo, que já é uma exposição longa, mas, como se tratava de um cenário bastante iluminado, não havia necessidade de um tempo muito prolongado.
Foi usado um tripé e um disparador remoto.


Foto da Ponte do Brooklyn tirada em 1.3 segundos, com tripé e disparador remoto.


Paisagem noturna da Perúgia, na Itália, em 20 segundos, com tripé e disparador remoto. Tempo o suficiente para capturar o brilho das estrelas, mas sem deixar aquele rastro delas.


Foto tirada num lago em Taiwan, em 5 segundos.
Este foi um cenário problemático, pois eu estava sem tripé e tiver de apoiar a câmera numa mureta. Para que os barcos não ficassem borrados por causa do movimento da água, nem que o restante do cenário ficasse tremido pelo meu movimento do braço segurando a câmera sobre a mureta, tive de optar por um ISO alto e uma velocidade do obturador mais rápida.


Torre de uma igreja em Santiago do Chile, tirada em 30". Como eu não tinha tripé, apoiei a câmera numa grade que havia na janela e usei o timer da câmera para dispará-la.

Exercícios práticos

1 - utilizando sua câmera em Modo Manual, ISO 100 e abertura de f/8, usando um tripé ou apoiando sua câmera sobre uma superfície plana, tire três fotos noturnas:

a - em velocidade do obturador em 1 segundo;
b - em velocidade do obturador em 15 segundos; e
c - em velocidade do obturador em 30 segundos.

Qual delas ficou melhor?

2 - se possível, encontre um cenário urbano, com prédios e com ruas movimentadas, e tire três fotos:

a - em velocidade do obturador em 1 segundo;
b - em velocidade do obturador em 15 segundos; e
c - em velocidade do obturador em 30 segundos.

Qual delas ficou melhor? Alguma delas ficou clara de demais? Conseguiu capturar os rastros de luzes dos carros passando?

3 - Compartilhe conosco o resultado de seus experimentos com longa exposição em nosso grupo do flickr
http://www.flickr.com/groups/calabocaeclica/



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A melhor referência para quem deseja aprender a tirar fotos melhores.

  1. Ótimo artigo Henry!
    Tenho uma sugestão de post em relação a esse sobre longas exposições. A tal regra dos 600 que é utilizada quando se fotografa em longa exposições o céu e serve para não deixar os rastros das estrelas.
    Seria interessante um post sobre isso aqui do blog.
    Abraços!

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    Respostas
    1. Oi, Jáfer.

      Não conhecia esta regra dos 600, mas pesquisei sobre ela e me pareceu interessante.
      Como não sou um grande fotógrafo de estrelas (bem, morei em duas grandes cidades na qual mal se dava para ver o céu a noite, Nova York e Buenos Aires), só agora é que estou podendo praticar um pouco mais esta técnica.

      Em breve, escreverei alguma coisa sobre isto.

      Abraços.

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  2. Muito bom o artigo, vou pesquisar a regra do 600, não tinha conhecimento. Abs.

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  3. Como faço para deixar em "bulb" som o disparador? Minha camera não trava!

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